21 maio, 2007
15 maio, 2007
Graciliano Eu
Lendo Graciliano Ramos deparo-me com um trecho familiar.
Preciso vertir-me depresa. Chegar à repartição às nove horas. Apronto-me, calço as meias pelo avesso e saio correndo. Paro sobresaltado, tenho a impressão de que me faltam peças do vestuário. Assaltam-me dúvidas idiotas. Estarei à porta de casa ou terei chegado à repartição? Em que ponto do trajeto me acho? Não tenho consciência dos movimentos, sinto-me leve. Ignoro quanto tempo fico assim. Provavelmente um segundo, mas um segundo que parece uma eternidade. Está claro que todo o desarranjo é interior. Por fora devo ser um cidadão como os outros, um diminuto cidadão que vai para o trabalho maçador, um Luis da Silva qualquer. Mexo-me atravesso a rua a grandes pernadas.
Sou eu. Exatamente.
Preciso vertir-me depresa. Chegar à repartição às nove horas. Apronto-me, calço as meias pelo avesso e saio correndo. Paro sobresaltado, tenho a impressão de que me faltam peças do vestuário. Assaltam-me dúvidas idiotas. Estarei à porta de casa ou terei chegado à repartição? Em que ponto do trajeto me acho? Não tenho consciência dos movimentos, sinto-me leve. Ignoro quanto tempo fico assim. Provavelmente um segundo, mas um segundo que parece uma eternidade. Está claro que todo o desarranjo é interior. Por fora devo ser um cidadão como os outros, um diminuto cidadão que vai para o trabalho maçador, um Luis da Silva qualquer. Mexo-me atravesso a rua a grandes pernadas.
Sou eu. Exatamente.
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